Lições para aprender com chimpanzés sobre política

O que os chimpanzés e a política têm em comum? Você sabia que muitas das manobras políticas mais conhecidas são advindas da “sociedade” dos macacos? Os chimpanzés são os nossos parentes mais próximos, vivem em comunidade e adotam estratégias e manobras políticas que se parecem muito com as usadas pelos seres humanos.

No livro A Política dos Chimpanzés, Frans de Waal fala sobre uma disputa política, com maquinações e estratégias de poder, num zoológico, tendo como protagonistas os chimpanzés. A tentativa de derrubar um líder de uma comunidade que estava no poder há muito tempo, planejada por um jovem e ambicioso rival que reuniu um grupo de simpatizantes para se fortaler politicamente. Esse jovem ofereceu um cargo ao velho líder, que aceitou enquanto formava nova aliança para derrubar o novo líder. É uma história que apresenta as manobras políticas desses animais e que muito se parecem com o que vemos na nossa política.

Vendo isso, podemos identificar algumas lições que os chimpanzés nos ensinam sobre política:

A importância de manter os amigos por perto e os inimigos mais perto ainda. Os primatas vivem em grupos sociais e, assim como nós, possuem uma hierarquia própria. Os humanos têm um enorme desejo por poder. Os chimpanzés também. Há lutas entre os machos para destacar o macho principal. Isso representa a sede pelo poder, já que lutam por uma posição mais alta e benefícios. A luta envolve força física, mas também política, pois a força é avaliada pela quantidade de indivíduos que apoiam o líder do grupo.

Na hora de definir as alianças, é melhor alguém mais fraco que você. O chimpanzé se utiliza de aliados e estratégia para conseguir a liderança do grupo. Eles formam coalizões de conveniência e isso pode mudar conforme sua necessidade. Os mais fracos se unem ao mais forte na tentativa de terem acesso ao poder. Da mesma forma, acontecem as coalizões de partidos políticos. Partidos pequenos se unem a um partido grande para garantir a chegada ao poder. Outra forma que os chimpanzés usam como estratégia política, e que também acontece com os humanos, é o mais velho preparar o mais novo para ser o futuro líder. Vemos esse cenário em partidos políticos influenciados por políticos mais velhos.

Cultivar uma imagem em que seja temido, mas ainda mais, estimado. A perspicácia política é que determina quem tem poder. A ideia é não permitir que ninguém imponha a sua vontade e assegurar que todos saibam quem manda. No entanto, isso precisa ser feito de forma diplomática, para que ainda se tenha simpatizantes e que esses estejam contentes. Os chimpanzés apoiam as vítimas depois de uma briga. Os verdadeiros líderes estão presentes onde aconteceu um desastre para oferecer apoio ao povo.

A estima é importante, mas distribuir prêmios é melhor ainda. Políticos buscam votos e chimpanzés querem ser apreciados. Os líderes querem o apoio das massas. E, para isso, distribuem benefícios para sustentar esse apoio. Um cientista japonês estudou um chimpanzé. macho alfa por 12 anos. Ele descobriu que o chimpanzé selecionava simpatizantes para compartilhar sua carne com eles. Ou seja, subornava-os para obter vantagens. Além disso, ele brincava com os filhotes das fêmeas, exatamente como os políticos fazem com crianças em tempos de campanha.

Ameaças externas podem reforçar seu apoio. A política se refere a questões básicas sobre relacionamentos, quem são amigos e inimigos, o que é bom ou ruim, quem merece ou não ajuda.

Chimpanzés envolvem-se em conflitos violentos com grupos rivais para defender o seu espaço e estão sempre atentos a possíveis ameaças. Quando se sentem ameaçados se unem para lutar contra a ameaça. A ciência política apresenta um conceito que mostra como os humanos também agem dessa forma, apoiando determinado governo perante uma ameaça.

Gostou dessa reflexão? No Workshop vamos aprender conceitos amplos de política e entender como podem ocorrer conexões entre as esferas pública e privadas, e como isso interfere na sua vida. Saiba mais.